Raul Medeiros
A História da
Paraíba começa antes do descobrimento do
Brasil, quando o litoral do atual território do estado era povoado
pelos índios potiguaras. A província tornou-se estado com a
proclamação da
República, em 15 de novembro de
1889.
Antecedentes da conquista da Paraíba
Demorou
um certo tempo para que Portugal começasse a
explorar economicamente o Brasil, uma vez que os
interesses lusitanos estavam voltados para o comércio de especiarias nas Índias, e além disso, não havia nenhuma
riqueza na costa brasileira que chamasse tanta atenção
quanto o ouro, encontrado nas colônias espanholas, minério este que tornara uma nação muito poderosa na época.
Devido
ao desinteresse lusitano, piratas e corsários
começaram a extrair o pau-brasil, madeira muito encontrada no Brasil-colônia, e
especial devido a extração de um pigmento, usado para tingir tecidos na Europa. Esses invasores
eram em sua maioria franceses, e logo que
chegaram no Brasil fizeram amizades com os índios, possibilitando entre eles uma relação
comercial conhecida como "escambo", na qual o
trabalho indígena era trocado por algum produto de valor muito baixo ou até sem
valor comercial.
Com
o objetivo de povoá-la, a colônia portuguesa foi dividida em quinze capitanias,
para doze donatários. Entre elas
destacam-se a capitania de
Itamaracá, a qual se estendia do rio Santa Cruz até a Baía da Traição.
Inicialmente essa capitania foi doada à Pero Lopes de Sousa,
que não pôde assumir, vindo em seu lugar o administrador Francisco Braga, que
devido a uma rivalidade com Duarte Coelho, deixou a capitania em falência, dando lugar a João Gonçalves, que
realizou algumas benfeitorias na capitania como a fundação da Vila
da Conceição e a construção de engenhos.
Após
a morte de João Gonçalves, a capitania entrou em declínio, ficando à mercê de
malfeitores e propiciando a continuidade do contrabando de madeira.
Em
1574
aconteceu um incidente conhecido como "Tragédia de
Tracunhaém", no qual índios mataram todos os moradores de um
engenho chamado Tracunhaém em Pernambuco, próximo a Goiana. Esse episódio ocorreu devido ao rapto e posterior
desaparecimento de um índia, filha do cacique potiguar, no Engenho Tracunhaém. Após receber
a comitiva constituída pela índia e seus irmãos, vindos de viagem, após
resgatar a índia raptada, para pernoite em sua casa, um senhor de engenho,
Diogo Dias, provavelmente escondeu-a, de modo que quando amanheceu o dia a moça
havia desaparecido e seus irmãos voltaram para sua tribo
sem a índia. Seu pai ainda apelou para as autoridades, enviando emissários a
Pernambuco sem o menor sucesso. Os franceses que se encontravam na Paraíba estimularam os potiguaras à luta.
Pouco tempo depois, todos os chefes potiguaras se reuniram, movimentaram
guerreiros da Paraíba e do Rio Grande do Norte
e atacaram o engenho de Diogo Dias. Foram centenas de índios que,
ardilosamente, se acercaram do engenho e realizaram um verdadeira chacina a morte de todos que encontraram pela
frente: proprietários, colonos e escravos, seguindo-se o incêndio do engenho.
A conquista e fundação da Paraíba
Expedições para a conquista
Quando
o governador-geral D. Luís de
Brito recebeu a ordem para separar Itamaracá, recebeu também do rei de Portugal
a ordem de punir os índios responsáveis pelo
massacre, expulsar os franceses e fundar uma cidade. Assim começaram as cinco expedições para a
conquista da Paraíba. Para isso o rei
D. Sebastião
mandou primeiramente o ouvidor-geral D.
Fernão da Silva.
I
Expedição (1574):
O comandante desta expedição foi o ouvidor-geral D. Fernão da Silva. Ao chegar
no Brasil, Fernão tomou posse das terras em nome
do rei sem que houvesse nenhuma resistência, mas isso foi apenas uma armadilha. Sua tropa foi surpreendida por
indígenas e teve que recuar para Pernambuco.
II
Expedição (1575):
Quem comandou a segunda expedição foi o governador-geral, D. Luís de Brito. Sua
expedição foi prejudicada por ventos desfavoráveis e eles nem chegaram sequer
às terras paraibanas. Três anos depois outro governador-geral Lourenço
Veiga, tenta conquistar a o Rio Paraíba, não obtendo êxito.
III
Expedição (1579):
Ainda sob forte domínio "de fato" dos franceses, foi concedida, por
dez anos, ao capitão Frutuoso Barbosa a capitania da Paraíba, desmembrada de
Olinda. Essa idéia só lhe trouxe prejuízos, uma vez que quando estava vindo à
Paraíba, caiu sobre sua frota uma forte tormenta e além de ter que recuar até Portugal, ele perdeu sua esposa .
IV
Expedição (1582):
Com a mesma proposta imposta por ele na expedição anterior, Frutuoso Barbosa
volta decidido a conquistar a Paraíba, mas cai na armadilha dos índios e do
franceses. Barbosa desiste após perder um filho em combate.
V
Expedição (1584):
Após a sua chegada à Paraíba, Frutuoso Barbosa capturou cinco navios de
traficantes franceses, solicitando mais tropas de Pernambuco e da Bahia para
assegurar os interesses portugueses na região. Nesse mesmo ano, da Bahia vieram
reforços através de uma esquadra comandada por Diogo Flores de
Valdés, e de Pernambuco tropas sob o comando de D. Filipe de Moura.
Conseguiram finalmente expulsar os franceses e conquistar a Paraíba. Após a
conquista, eles construíram os fortes de São Tiago e São Filipe.
Conquista da Paraíba
Para
as jornadas, o ouvidor-geral Martim Leitão formou uma tropa constituída por
brancos, índios, escravos e até religiosos. Quando aqui chegaram se depararam
com índios que sem defesa, fogem e são aprisionados. Ao saber que eram índios tabajaras, Martim Leitão manda soltá-los,
afirmando que sua luta era contra os potiguaras (rivais dos Tabajaras). Após o
incidente, Leitão procurou formar uma aliança com os Tabajaras, que por temerem
outra traição, a rejeitaram
Depois
de um certo tempo Leitão e sua tropa finalmente chegaram ao Forte de São
Filipe, ambos em decadência e miséria devido as intrigas entre espanhóis e portugueses. Com isso Martim
Leitão nomeou o espanhol conhecido como Francisco de
Castrejón para o cargo de Frutuoso Barbosa. A troca só fez piorar a
situação. Ao saber que Castrejón havia abandonado, destruído o Forte
e jogado toda a sua artilharia ao mar,
Leitão o prendeu e o enviou de volta à Espanha.
Quando
ninguém esperava, os portugueses unem-se aos Tabajaras, fazendo com que os potiguaras
recuassem. Isto se deu no início de agosto de 1585.
A conquista da Paraíba se deu no final de tudo através da união de um português
e um chefe indígena chamado Pirajibe, palavra que
significa "braço de peixe".[carece de
fontes?]
Fundação da Paraíba
Martim
Leitão trouxe pedreiros, carpinteiros, engenheiros e outros para edificar a Cidade de Nossa Senhora das Neves. Com o
início das obras, Leitão foi a Baía da Traição
expulsar o resto dos franceses que permaneciam
na Paraíba. Leitão nomeou João Tavares para ser o capitão do Forte. Na Paraíba teve-se a terceira cidade a ser
fundada no Brasil e a última do século XVI. Primeiras vilas da Paraíba na
época colonial
Com
a colonização foram surgindo vilas na Paraíba. A seguir temos algumas informações
sobre as primeiras vilas da Paraíba.
Conhecida
antigamente pelo nome de Bruxaxá, Areia foi elevada à freguesia com o
nome de Nossa Senhora da Conceição pelo Alvará Régio de 18 de maio de 1815.
Esta data é considerada também como a de sua elevação à vila. Sua emancipação
política se deu em 18 de maio de 1846, pela lei de criação
número 2. Hoje, Areia se destaca como uma das principais cidades do interior da
Paraíba, principalmente devido seu passado
historico.
OBS: A cidade de
Areia também é conhecida por ter libertados os escravos antes da Lei Aurea
(liberdade aos escravos)
Sua
colonização teve início em 1697. O capitão-mor Teodósio de
Oliveira Lêdo instalou na região um povoado. Os indígenas Ariús formaram uma aldeia. Em volta dessa aldeia surgiu uma feira nas ruas por
onde passavam camponeses. Percebe-se então que as características comerciais de Campina Grande nasceram desde sua origem.
Campina foi elevada à freguesia em 1769,
sob a invocação de Nossa Senhora da
Conceição. Sua elevação à vila com o nome de Vila Nova da Rainha se
deu em 20 de abril de 1790.
Hoje, Campina Grande é a maior cidade do interior do Nordeste
em diversos aspectos.
O
início de seu povoamento aconteceu no final do século XVI, quando fazendas de gado
foram encontradas pelos holandeses. Hoje uma cidade sem muito destaque na Paraíba, foi elevada à vila em 5 de janeiro de 1765.
Pilar originou-se a partir da Missão do Padre Martim Nantes naquela região.
Pilar foi elevada à município em 1985, quando o cultivo da cana-de-açúcar se
tornou na principal atividade da região.
No
final do século XVII, Teodósio de
Oliveira Lêdo realizou uma entrada através do rio Piranhas. Nesta venceu o confronto com os
índios Pegas e fundou ali uma aldeia que inicialmente
recebeu o nome do rio, "Piranhas". Devido ao sucesso da entrada não
demorou muito até que passaram a chamar o local de Nossa Senhora do Bom
Sucesso, em homenagem a uma santa. Em 1721
foi construída no local a Igreja do Rosário, em homenagem à padroeira da cidade
considerada uma relíquia histórica nos dias atuais. Sob força de uma Carta
Régia datada de 22 de junho de 1766,
o município passou a se chamar Pombal, em
homenagem ao famoso Marquês de Pombal.
Foi elevada à vila na terceira semana de maio de 1772,
data hoje considerada como sendo também a da criação do município.
A
região territorial de São João do Cariri
já chegou a atingir mais de 1/3 do atual estado da Paraíba, pois, além do sertão e do Cariri, pertencia-lhe Campina Grande e as suas atuais microrregiões
do Agreste da Borborema.O território do município era
habitado pela família nativa Cariri até meados do século XVII. Em 1669
com a doação de uma sesmaria por Alferes José
Alves Martins, teve origem o sítio São João. Foi elevado a vila
no ano de 1800. São João do Cariri hoje é um Município
pequeno, porém o município tem uma bela cultura.
Hoje
a sexta cidade mais populosa do estado da Paraíba e dona de um dos mais
importantes sítios arqueológicos
do país, o "Vale dos Dinossauros",
Sousa era um povoado conhecido por "Jardim do Rio do Peixe". A terra
da região era bastante fértil, o que acelerou rapidamente o processo de
povoamento e progresso do local. Em 1730, já viviam
aproximadamente no vale 1.468 pessoas.
Sousa foi
elevada à vila com o nome atual em homenagem ao seu
benfeitor, Bento Freire de Sousa, em 22 de julho de 1766.
Sua emancipação política se deu em 10 de julho de 1854.
Primeiros capitães-mores
João Tavares
João Tavares foi
o primeiro capitão-mor, ao qual governou de 1585
a 1588 a Capitania da Paraíba.
João Tavares foi encarregado pelo ouvidor-geral, Martim
Leitão, de construir uma nova cidade. Para edificação dessa cidade, vieram 25 cavaleiros, além de pedreiros e carpinteiros, entre outros trabalhadores do
gênero. Chegaram também jesuítas e outras pessoas
para residir na cidade.
Foi
fundado por João Tavares o primeiro engenho, o d'El-Rei, em Tibiri, e o forte
de São Sebastião,
construído por Martim Leitão para a proteção do engenho. Os jesuítas ficaram
responsáveis pela catequização dos índios. Eles ainda fundaram um Centro de
Catequese e em Passeio Geral edificaram a capela de São Gonçalo.
O
governo de João Tavares foi demasiadamente auxiliado por Duarte Gomes da
Silveira, natural de Olinda. Silveira foi um
senhor de engenho e uma grande figura da Capitania da Paraíba durante mais de
50 anos. Rico, ajudou financeiramente na ascensão da cidade. Em sua residência
atualmente se encontra o Colégio Nossa Senhora das Neves.
Apesar
de ter se esforçado muito para o progresso da capitania, João Tavares foi posto
para fora em 1588, devido à política do Rei.
Frutuoso Barbosa
Devido
à grande insistência perante a corte e por defender alguns direitos, Frutuoso
Barbosa foi, em 1588, nomeado o novo capitão-mor da capitania da Paraíba,
auxiliado por D. Pedro Cueva, ao qual foi encarregado de controlar a parte
militar da capitania.
Neste
mesmo período, chegaram alguns Frades Fransciscanos, que fundaram várias aldeias e por não serem tão rigorosos no ensino religioso
como os Jesuítas, entraram em desentendimento com
estes últimos. Esse desentendimento prejudicou o governo de Barbosa, pois
aproveitando-se de alguns descuidos, os índios Potiguaras invadiram propriedades. Vieram em
auxílio de Barbosa o capitão-mor de Itamaracá, com João Tavares, Piragibe e seus índios. No caminho, João
Tavares faleceu de um mal súbito. Quando o restante do grupo chegou à Paraíba, desalojou e prendeu os Potiguaras.
Com
o objetivo de evitar a entrada dos franceses, Barbosa ordenou a construção de
uma fortaleza em Cabedelo. Piragibe iniciou a
construção do forte com os Tabajaras, porém, devido a interferência dos
Jesuítas, as obras foram concluídas pelos fransciscanos e seus homens.
Em
homenagem a Felipe II, da Espanha, Barbosa mudou o
nome da cidade de Nossa Senhora das Neves para Felipéia de Nossa Senhora das
Neve, atual João Pessoa. Devido
às infinitas lutas entre o capitão Pedro Cueva e os Potiguaras e os
desentendimentos com os Jesuítas, houve a saída da Cueva e a decisão de Barbosa
de encerrar o seu governo, em 1591.
André de Albuquerque Maranhão
André
de Albuquerque governou apenas por um ano. Nele, expulsou os Potiguaras e
realizou algumas fortificações. Entre elas, a construção do Forte de Inhobin
para defender alguns engenhos próximos a este rio.
Ainda nesse governo os Potiguaras incendiaram o Forte de Cabedelo. O governo de Albuquerque se
finalizou em 1592.
Feliciano Coelho de Carvalho
Em
seu governo realizou combates na Capaoba, houve paz com os índios, expandiu
estradas e expulsou os fransciscanos. Terminou seu governo em 1600.
As ordens religiosas da capitania da Paraíba
e seus mosteiros
Os Jesuítas
Os
jesuítas foram os primeiros missionários que chegaram à capitania da Paraíba,
acompanhando todas as suas lutas de colonização. Ao mando de Frutuoso Barbosa, os
jesuítas se puseram a construir um colégio na Felipéia. Porém, devido a
desavenças com os fransciscanos, que não usavam métodos de educação tão rígidos
como os jesuítas, a idéia foi interrompida. Aproveitando esses
desentendimentos, o rei que andava descontente com os jesuítas pelo fato de
estes não permitirem a escravização dos índios, culpou os jesuítas pela
rivalidade com os fransciscanos e expulsou-os da capitania.
Cento
e quinze anos depois, os jesuítas voltaram à Paraíba fundando um colégio onde
ensinavam latim, filosofia e letras. Passado algum tempo, fundaram um Seminário
junto à igreja de Nossa Senhora da Conceição. Atualmente essa área corresponde
ao jardim Palácio do Governo.
Em
1728,
os jesuítas foram novamente expulsos. Em 1773,
o Ouvidor-Geral passou a residir no seminário onde moravam os jesuítas, com a permissão do Papa
Clementino XIV.
Os Franciscanos
Atendendo
a Frutuoso Barbosa, chegaram os padres franciscanos, com o objetivo de
catequizar os índios.
O
Frei Antônio do Campo Maior chegou com o objetivo de fundar o primeiro convento
da capitania. Seu trabalho se concentrou em várias aldeias, o que o tornou
importante. No governo de Feliciano Coelho, começaram alguns desentendimentos,
pois os franciscanos, assim como os jesuítas, não escravizavam os índios.
Ocorreu que depois de certo desentendimentos entre os franciscanos, Feliciano e
o governador-geral, Feliciano acabou se acomodando junto aos frades.
A
igreja e o convento dos franciscanos foram construídos em um sítio muito grande,
onde atualmente se encontra a praça São Francisco.
Os Beneditinos
O
superior geral dos beneditinos tinha interesse em fundar um convento na
Capitania da Paraíba. O governador da capitania recebeu o abade e conversou com
o mesmo sobre a tal fundação. Resolveu doar um sítio, que seria a ordem do
superior geral dos beneditinos. A condição imposta pelo governador era que o
convento fosse construído em até 2 anos. O mosteiro não foi construído em dois
anos, mesmo assim, Feliciano manteve a doação do sítio.
A
igreja de São Bento se encontra
atualmente na Rua Nove, onde ainda há um cata-vento em lâmina, construído em 1753.
Os
Missionários Carmelitas Os carmelitas
vieram à Paraíba a pedido do cardeal D. Henrique, em 1580.
Mas devido a um incidente na chegada que colheu os missionários para diferentes
direções, a vinda dos carmelitas demorou oito anos.
Os
carmelitas chegaram à Paraíba quando o Brasil estava sob domínio espanhol. Os carmelitas chegaram, fundaram um
convento e iniciaram trabalhos missionários. A história dos carmelitas aqui é
incompleta, uma vez que vários documentos históricos foram perdidos nas
invasões holandesas.
Frei
Manuel de Santa Teresa restaurou o convento depois da Revolução Francesa,
mas logo depois este foi demolido para servir de residência ao primeiro bispo
da Paraíba, D. Adauto de Miranda Henriques. Pelos carmelitas foi fundada a
Igreja do Carmo.
Anexação por Pernambuco
As
capitanias da Paraíba e do Ceará foram
anexadas à Pernambuco
em 1755. A capitania
do Rio Grande do Norte já era subordinada a esta última, de modo que
a preponderância econômica de Pernambuco em todo o Nordeste Oriental se fez
naquele período igualmente política.
Em
1756,
de acordo com os planos de reestruturação econômica do Império Português,
realizado pelo Marquês de Pombal,
foi criade madeira de lei, foi despachada para Pernambuco e dali embarcada para
reconstruir a Capital do Reino (Lisboa), destruída pelo
terremoto de 1755. As madeiras eram ainda destinadas aos armazéns da Marinha
Real onde foram empregadas na construção de navios de grande calado.
O
relativo crescimento econômico da Capitania motivava as queixas tanto da Câmara
da Capital, quanto do governador, que reivindicava a criação de um governo
autônomo na Paraíba, desligando-o de Pernambuco. O então governador não aceitava
ter sua autoridade a todo tempo contestada pelo Capitão-General de Pernambuco,
que o impedia de castigar convenientemente seus inimigos; o pároco da matriz da
capital, Antônio Soares Barbosa e Bento Bandeira de Melo, Escrivão da Fazenda
Real e das demarcações de terras a quem acusava de continuadamente
desrespeitá-lo nas cerimônias públicas. A maior queixa do governador da Paraíba
era que para realizar qualquer ato administrativo ou de outra natureza, por
mais nsignificante que fosse, tinha que se reportar ao General de Pernambuco.
Após
a morte de Jerônimo José de Melo e Castro, Fernando Delgado Freire de Castilho,
que conseguiria ser o primeiro governador da Capitania, em vias de ser outra
vez independente, foi designado pelo Conselho Ultramarino para averiguar se ao
cumprimento das ordens régias e à arrecadação das rendas reais era mais
vantajoso manter a Capitania anexada a Pernambuco ou criar nela um governo
próprio, ao que o governador respondeu com a elaboração de um circunstanciado
relatório em que descreve a situação da Capitania e por fim dá um parecer
favorável a desanexação.
O
relatório de Fernando Delgado, foi enviado a Lisboa a nove de janeiro de 1799,
tendo finalmente chegado a Carta Régia que separava a Capitania da Paraíba
da de Pernambuco, em Recife, a 17 de janeiro do mesmo ano, o que demonstra a
intenção de separar as duas capitanias, pois o relatório ainda não havia
chegado a Lisboa quando a carta da desanexação chegou a Recife. Na referida
carta, os motivos alegados para a desanexação foram o aumento da população,
cultura e comércio da capitania e a distância e ignorância do General de
Pernambuco sobre os assuntos internos da Paraíba. Sendo assim, o Príncipe
Regente ordenou a desanexação e o estabelecimento do comércio direto entre a
capitania e o reino, mas manteve sob o controle de Pernambuco a
responsabilidade pela defesa externa e interna da capitania.
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