Na mitologia grega, Deméter teve uma
filha com Zeus, Perséfone (gr. Περσεφόνη), à qual
era particularmente afeiçoada. Perseguida também por Posídon,
a deusa tentou escapar, assumindo a forma de égua, mas o deus se transformou em
cavalo e uniu-se a ela com essa forma. Algum tempo depois, Deméter deu à luz um
cavalo rapidíssimo, Aríon, que ficou famoso durante a luta dos Sete Contra
Tebas. Consta que ela teria se unido também a Iásion, um dos filhos de Zeus,
em cima de um "campo três vezes lavrado" (Hes. Th. 971) e
gerado Pluto (gr. Πλοῦτος), deus da riqueza agrária.
Deméter está
associada principalmente à história do rapto de Perséfone. Ela era uma bela e
despreocupada jovem — os gregos também se referiam a ela como Κόρη, "a
donzela, a mocinha" — e certo dia Hades
se apaixonou pela jovem. Com a conivência de Zeus,
raptou-a enquanto ela brincava com as ninfas
e levou-a para seu reino subterrâneo. Alertada por um grito da filha, Deméter
começou a procurá-la por todo o mundo, com um archote aceso em cada mão. Após
vários dias de busca encontrou Hécate,
que ouvira Perséfone gritar mas não vira quem a levara; Hélio, porém, que tudo
vê, revelou a identidade do raptor...
Enfurecida, Deméter
recusou-se a voltar ao Olimpo sem a filha querida e a exercer suas funções
divinas. Assumiu o aspecto de uma velha e pôs-se a serviço de de Céleo, rei de
Elêusis, que encarregou-a de cuidar do jovem Triptólemo, seu filho. Deméter
afeiçoou-se ao menino e tentou torná-lo imortal, colocando-o periodicamente no
fogo. Surpreendida porém numa das "sessões de imortalização" pela
assustada Metanira, mãe do menino, não pôde completar o processo. Revelou-se
então aos assustados reis e confiou a Triptólemo a tarefa de espalhar pelo
mundo a cultura do trigo.
Enquanto isso, a
terra tornou-se estéril e assim permanecia, pois sem a intervenção de Deméter
nada do que era plantado crescia. Perturbada a ordem natural, Zeus
teve que intervir junto a Hades para libertar Perséfone e aplacar a mãe
enfurecida. Perséfone, entretanto, já desfrutara da hospitalidade de Hades
e comera uma romã — o que a associava permanentemente ao reino subterrâneo — e
os deuses envolvidos tiveram de negociar.
Perséfone tornou-se
esposa de Hades, e rainha dos mortos; Deméter reassumiu
suas tarefas divinas; e, a cada primavera, Perséfone deixava o Hades
e se reunia com a mãe, no Olimpo, para que nessa época a terra cultivada desse
seus frutos.
Desde a Antiguidade
esse mito era visto como uma alegoria: Perséfone era o grão semeado, colocado
embaixo da terra para se desenvolver e despontar durante a primavera sob a
forma de novos frutos... Este
mito justifica o ciclo anual das colheitas e as quatro estações do ano!
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