26 de junho de 2015

Prova da Imortalidade da alma em Sócrates

FÉDON – Se não me engano, depois que concordamos com ele e que todos se manifestaram de acordo com a existência real de uma ideia a que corresponde cada coisa, sobre a participação no que se refere a estas ideias de tudo o que, não sendo elas mesmas, delas recebe a denominação, depois disso, ele perguntou:

- Se tal é, pois, a tua doutrina, será que, afirmando que Símias é maior do que Sócrates e menor do que Fédon, não afirmarás que há em Símias as duas qualidades, a grandeza e a pequenez?

- Sim.

- Mas, na realidade, acrescentou, quando dizes que Símias é maior do que Sócrates, concordas em que a verdade verdadeira não é precisamente a que decorre da expressão verbal, não é? E que, de fato, Símias é maior, não por sua própria natureza, isto é, como Símias, mas sim por motivo da grandeza que possui, não é assim? E, de outro lado, que ele é maior do que Sócrates não porque Sócrates seja Sócrates, mas somente porque Sócrates tem a pequenez relativamente à grandeza de Símias?

- É verdade.

- E também porque, se Símias é menor que Fédon, isso se verifica não porque Fédon seja Fédon, mas porque Fédon tem a grandeza em relação à pequenez de Símias?

- É isso mesmo.

- Desse modo, por conseguinte, a denominação que pertence a Símias é tanto “ser grande” como “ser pequeno”, pois ele está entre os dois e à grandeza de um, para que esta o supere, ele submete sua pequenez, enquanto ao outro o que ele apresenta é a sua grandeza, que ultrapassa a pequenez deste...

E, com um sorriso, acrescentou:

- Tenho o ar de falar como um redator de contratos. Mas, em todo o caso, as coisas são aproximadamente assim.

Cebes assentiu.

- E falo deste modo, continuou, porque desejo que partilhes da minha própria opinião. Ora, parece-me que não somente a grandeza por si mesma não deseja jamais ser grande e pequena ao mesmo tempo como, também, a grandeza que está em nós não quer jamais acolher a pequenez e muito menos ser superada, e, então, das duas uma: ou foge e cede o lugar quando o seu contrário, a pequenez, se aproxima dela, ou então, pelo próprio fato desta aproximação, ela cessa de existir. Quanto a permanecer firme no seu lugar e receber em si a pequenez, isso ela não quer absolutamente. Uma comparação: eu, uma vez que recebi a pequenez, continuando a ser aquele que precisamente sou, eu, este mesmo Sócrates, sou pequeno; ela, ao contrário, a grandeza, sendo grande, não pode tolerar ser pequena. E do mesmo modo também a pequenez que está em nós recusa-se sempre tornar-se grande ou ser grande; e assim também qualquer outro contrário, enquanto for o que precisamente é, recusa-se tornar-se ou ser ao mesmo tempo o seu próprio contrário. Mas, se lhe acontece o que acabo de dizer, ou ele se afasta, ou cessa de existir.

- Isso me parece de uma absoluta evidência, disse Cebes.

Um dos presentes (não me recordo quem) tomou então a palavra:

- Pelos deuses! Mas, de acordo com o que dizíeis antes, não se tinha chegado a um entendimento sobre o inverso precisamente do que se assevera agora? Não se afirmou que é do menor que nasce o maior, e do maior o menor? Que aquilo que realmente constitui a geração para os contrários é provir dos contrários? Ora, presentemente, o que se diz, parece-me, é que isso jamais se pode produzir!

Sócrates voltou a cabeça para o lado de onde vinha a voz.

- És um bravo, disse ele, pois nos lembraste isso! Não refletes, todavia, sobre a diferença existente entre o que se diz presentemente e o que se dizia antes. Efetivamente, o que se dizia é que da coisa contrária nasce coisa que lhe é contrária; mas agora se diz que é o contrário em si que não poderia tornar-se o seu próprio contrário, nem o que está em nós, nem o que está na natureza. Sim, meu caro, naquele momento tratava-se das coisas que têm em si os contrários e às quais damos o nome destes; mas agora se trata dos próprios contrários, cuja denominação, com a sua presença nas coisas qualificadas, passa a estas; e os contrários em questão, jamais, diremos, consentiriam em receber um dos outros a geração.

E, ao mesmo tempo, olhando Cebes, disse:

- Será que, por acaso, tu também, Cebes, te deixaste perturbar pela dúvida acerca daquilo de que falou aquele homem?

- Não, disse Cebes, de nenhum modo. Não é esse o meu caso. Isso, entretanto, não significa que não haja certas pequenas coisas que me perturbam.

- Estaremos de acordo, prosseguiu Sócrates, sem restrições, em que jamais o contrário será o seu próprio contrário?

- Perfeitamente, disse Cebes.

- Prossigamos então, disse ele. Faze-me o favor de examinar se, sobre isto, estamos de acordo. Há uma coisa que chamas quente e outra frio, não é?

- Sem dúvida.

- É isso, precisamente, a que chamas neve e fogo?

- Oh! Certamente que não, por Zeus!

- Então, o calor é coisa diferente do fogo, e o frio diferente da neve?

- Sim.

- Mas, então, suponho, segundo a tua opinião, jamais uma neve autêntica, que tiver, da maneira que antes dizíamos, recebido em si o calor, continuará a ser o que precisamente ela é, sendo neve com calor; pelo contrário, à medida que o calor aumenta, ela ou lhe cederá o lugar ou deixará de existir.

- Certamente.

- E o fogo, por sua vez, quando o gelo se aproxima dele, ou se afasta ou é destruído, sem resolver jamais, depois de haver recebido em si a frialdade, ser ainda aquilo que precisamente é, sendo fogo com frio.

- É exato, disse ele.

Pode acontecer, pois, continuou Sócrates, que em certos exemplos análogos tudo se passe de tal modo que não somente a ideia em si mesma tenha direito a seu próprio nome por uma duração eterna, mas que haja ainda outra coisa que, ainda que não sendo a ideia de que se trata, possua contudo o caráter desta, e isso pela inteira duração de sua própria existência. Mas eis ainda aqui casos que esclarecem o que digo. O ímpar tem sempre direito a não se separar deste nome de ímpar que lhe damos presentemente, não é assim?

- Sem nenhuma dúvida.

- E isto se passa com esta realidade somente (pois este é o problema que eu proponho) ou também com outra que, sem ser o próprio ímpar, todavia, usa de direito sempre o seu nome, junto ao próprio nome, pois sua natureza é tal que o ímpar jamais a desacompanha? Ora, digo eu, é o caso que se passa com o três, e com outras coisas. Considera o caso do três: não és de opinião que tanto o seu próprio nome deve sempre servir para designá-lo como o do ímpar, ainda que o ímpar não seja a mesma coisa que o três? Pois bem. Entretanto, se essa é a natureza do três, ela é também a do cinco e da metade inteira da série dos números, e, ainda que não sendo a mesma coisa que o ímpar, cada um deles é sempre ímpar. O dois, de outro lado, e o quatro e a totalidade ainda da outra fileira da numeração não são a mesma coisa que é o par, e contudo cada um destes números é sempre par. Concordas com isso, ou não?

- Como não concordar? respondeu ele.

- Pois bem, continuou Sócrates, presta atenção agora no que pretendo demonstrar. Eis aqui: evidentemente, não são somente estes primeiros contrários que não se recebem uns aos outros; há também todas as coisas que, sem serem mutuamente contrárias, possuem sempre estes contrários e que, verossimilmente, não receberiam também tal qualidade, que seria o contrário da que existe neles; mas, à aproximação desta qualidade, deixam de existir ou cedem o lugar. Não diremos, em relação ao três, que ele cessará de existir, que sofrerá qualquer vicissitude, mas que não suportará, continuando a ser três, tornar-se par?

- É absolutamente certo, disse Cebes.

- É certo também, disse Sócrates, que o dois não é o contrário do três?

- Certamente que não.

- Não são, pois, somente as ideias contrárias que não suportam a aproximação uma da outra; mas há também outras coisas que não suportam a aproximação dos contrários.

- É a própria verdade, disse Cebes.

- Queres, então – continuou Sócrates – que determinemos, se formos capazes, de que espécie são estas últimas coisas?

- Oh! Certamente.

- Não seriam aquelas, Cebes, que, se qualquer outra coisa conseguem dominar, constrangem essa coisa não somente a possuir a sua própria natureza, mas também a de um contrário que tem sempre um contrário?

- Que dizes?

- O que dizíamos há apenas um instante. Vejamos: sabes bem que tudo aquilo que sofre o domínio da natureza do três não é necessariamente apenas três, mas também ímpar.

- É exato.

- Por conseguinte, dizemos nós, a uma coisa da mesma espécie do três não poderá jamais sobrevir uma natureza tal que se opusesse como contrário ao caráter daquela que produz o três.

- Não, certamente.

- Ora, a ideia que, como se sabe, o produz é sem dúvida a do ímpar?

- Sim.

- E não é contrária a esta a ideia do par?

- Sim.

- Ao três, por conseguinte, jamais sobrevirá a natureza do par?

- Não, certamente!

- Em consequência, o par não é o atributo do três.

- Não é o seu atributo.

- Ímpar é, pois, a ideia do três.

- Sim.

- Eis aí, em suma, o que eu chamava determinar de que espécie são as formas que, sem serem o contrário de tal outra, não recebem, todavia, esse contrário. Como se vê, no exemplo citado, o três, não sendo o contrário do par, não o recebe por isso, porque traz sempre consigo o contrário do par; como o dois, o contrário do ímpar; o fogo, o contrário do frio; e outras numerosas formas. Pois bem! Vejamos agora, se aceitas esta definição: não é somente o contrário que não recebe em si o contrário, mas também esta forma que leva consigo, vá para onde for, um contrário; essa forma, digo, que leva consigo um seu contrário não poderá jamais acolher em si o contrário do contrário que por ela é levado. Procura lembrar-te: não é um mal ouvir repetir a mesma coisa. O cinco não receberá nele a natureza do par; nem o dez, que é o duplo, a do ímpar. O duplo, também por si mesmo, é contrário de outra coisa; entretanto, ele jamais receberá em si a natureza do ímpar. E, assim, uma fração como o 3/2 e todas as outras deste gênero, como 1/2, que têm por denominador o 2, não recebem a ideia do inteiro; e também não recebem frações como 1/3 e todas as outras do mesmo gênero que têm por denominador o 3. Suponho que hajas acompanhado o meu raciocínio e partilhes da minha opinião.

- Acompanhei o teu raciocínio e sou inteiramente da tua opinião, disse Cebes.

- Agora, disse Sócrates, voltemos ao ponto de partida e fala-me sem empregar para responder as mesmas palavras da minha pergunta, mas tomando-me como exemplo. Eu me explico: ao lado da resposta de que eu falava, da segura resposta a que aludi primeiramente, eu percebo, à luz das nossas últimas palavras, uma outra certeza. Se me perguntasses: “Que é que, apresentando-se no corpo, fará com que ele fique quente?”, eu não te daria a segura resposta em questão, segura, mas não sábia: “É o calor que o fará”, mas sim outra mais hábil, tirada daquilo que acabamos de dizer: “É o fogo que o fará”. E, ainda, se perguntares o que é que, apresentando-se num corpo, fará com que ele fique doente, eu não direi também que é a doença, mas que será a febre. Assim também: “Quem é que apresentando-se em um número par fará com que ele fique ímpar?”; eu não responderei que é a imparidade, mas que será a unidade. E assim por diante. Vê, agora, se compreendes o que quero dizer:

- Sim, compreendo-o bem, disse Cebes.

- Então, responde: o que é que, apresentando-se em um corpo faz com que ele seja vivo?

- É a alma, disse ele.

- E será sempre assim?

- Como negá-lo?

- Assim, a qualquer objeto de que se apodere, a alma traz consigo a vida?

- É o que acontece sempre, respondeu ele.

- Ora, há um contrário da vida ou não?

- Há, respondeu ele.

- Qual?

- A morte.

- Não é verdade que a alma jamais deverá receber nela o contrário, o contrário daquilo que, por si, ela traz sempre consigo, e que a este respeito o acordo deve resultar do que se disse precedentemente?

- Perfeitamente, respondeu Cebes.

- E que se segue? Que nome dávamos há pouco àquilo que não recebe em si a natureza do par?

- Ímpar, disse ele.

- E o que não recebe em si o justo? E o que não é capaz de receber em si o culto?

- Inculto, disse; e o primeiro: injusto.

- Pois bem; e aquilo que não pode receber em si a morte, como o chamamos?

- Imortal, disse.

- A alma não recebe em si a morte, não é?

- Não.

- A alma é, então, uma coisa imortal?

- É uma coisa imortal.

(Nota: Primeira conclusão – a alma não recebe em si a morte. Alma não-viva é coisa tão contraditória como febricitante não-quente. Ela é, pois, não-mortal.)

- Prossigamos. Até aqui, tudo ficou bem provado; ou não te parece que assim seja?

- Tudo foi muito bem exposto, Sócrates.

- E que se segue, Cebes? continuou ele. Se para o ímpar era uma necessidade ser indestrutível, seria possível que o três não fosse indestrutível?

- Como não o haveria de ser?

- E, se também para o não-quente fosse uma necessidade ser indestrutível, seria que, todas as vezes que sobre a neve se aplicasse o quente, a neve não se afastaria intata, sem liquefazer-se? Pois, com certeza, a neve não poderia deixar de existir, e, de outro lado, ela não poderia suportar, ficando firme em seu lugar para receber o calor.

- É a verdade, disse Cebes.

- Do mesmo modo, penso, se fosse para o não-frio uma necessidade ser indestrutível, jamais o fogo, no caso de ser atacado por algo frio, extinguir-se-ia; ele também não o cessaria de existir, mas escapar-se-ia, pondo-se a salvo pelo afastamento.

- Isso era necessário, disse ele.

- Não é também uma necessidade, continuou Sócrates, exprimir-se deste modo a respeito do imortal? O imortal é também indestrutível? Neste caso, não será possível à alma, quando lhe sobrevenha a morte, cessar de existir. Pois a alma – é uma consequência certa do que foi dito antes – não receberá a morte, e não será alma morta; do mesmo modo como o três, nós o dissemos, não será par e muito menos o ímpar; e o fogo também não será frio, e muito menos o calor que está no fogo. “Mas que impede”, poderá alguém perguntar, “não que o ímpar se torne par com a aproximação deste, sobre o que há se chegou a acordo, mas que, morrendo este ímpar, em seu lugar se gere o par?” Em resposta a tais palavras, nós não deveríamos dizer que o ímpar não cessa de existir: eis que o não-par não é indestrutível; pois, se chegássemos a acordo, ser-nos-ia fácil responder que, ante a aproximação do par, o ímpar e o três vão-se embora e se distanciam. Para o caso do fogo e do quente, como para todos os outros casos, tal teria sido a nossa resposta, não é?

- Certamente.

- Por conseguinte, também agora, se, no que se refere ao imortal, estamos de acordo com que ele também seja indestrutível, a alma, além da não-mortalidade, teria também a indestrutibilidade. Se não estivermos de acordo, teremos que recomeçar.

- Recomeçar? De nenhum modo, pelo menos em relação a este ponto! Portanto, dificilmente se poderia admitir a existência de algo que fosse refratário à destruição, se fosse preciso admitir a destruição para o imortal, ao qual pertence a eternidade!

(Nota: ora, não-sadio e não-frio podem ser destruídos pelos seus contrários, de modo que a febre ceda e o fogo se extinga. Mas não-mortal é por definição indestrutível. A alma é assim (segunda conclusão) indestrutível.)

- Todavia, disse Sócrates, acerca da Divindade, assim como da própria ideia da vida, e de tudo o mais que possa existir de imortal, suponho que ninguém deixará de admitir que isso jamais será destruído.

- Ninguém, certamente, por Zeus! disse Cebes. Nem homens, nem, por mais fortes razões, deuses!

- E se também o imortal não pode ser destruído, a alma, que é imortal, não será também indestrutível?

- Necessariamente.

- Quando, em consequência, a morte chega ao homem, é, como parece, o que há de mortal nele que morre enquanto o que ele possui de imortal vai, salvo da destruição, cedendo o lugar à morte.

- É evidente.

- Por conseguinte, Cebes, mais do que qualquer outra coisa, a alma é não mortal e não pode ser destruída, disse Sócrates. É, pois, certo que as nossas almas habitarão o Hades.

- Sem nenhuma dúvida, disse Cebes. Quanto a mim, Sócrates, nada tenho a acrescentar depois do que disseste, nem nenhum motivo de incerteza em relação a esses raciocínios. Se houver, entretanto, alguma coisa que Símias, aqui presente (ou qualquer outro), tenha a dizer, ele não deverá permanecer silencioso. Eu me pergunto, então, se haverá outra ocasião, a não ser a que agora se oferece, em que se poderá falar ou ouvir falar de questões semelhantes!

- Pois bem, respondeu Símias. Eu também não tenho mais motivo para duvidar, pelo menos em relação ao que foi alegado. Todavia, a magnitude do problema de que tratamos e a desconfiança em que tenho esta nossa fraqueza humana obrigam-me a guardar em meu foro íntimo alguma incerteza a respeito destas teses.

- E não é isso somente, Símias, disse Sócrates. Mas a justeza de tuas palavras aplica-se também às nossas premissas: seja qual for o crédito que elas mereçam de tua parte, elas não merecem menos, por isso, um exame mais detido. Se vós todos conseguirdes apreendê-las o bastante para vossa persuasão, acreditarei, então, que passei a seguir o raciocínio, pelo menos da melhor forma possível aos homens. E, quando estiverdes sinceramente convencidos, não tereis então de levar mais adiante as vossas indagações.

- É a própria verdade, disse ele.

Há, entretanto, continuou Sócrates, pelo menos uma coisa sobre a qual vós todos deveis refletir: se a alma é verdadeiramente imortal, ela precisa do nosso cuidado, não somente durante o tempo que dura o que chamamos vida, mas durante a totalidade do tempo. E, depois do que se disse, não cuidar dela, segundo parece, seria um grave perigo. Certamente, se a morte fosse uma libertação de todas as coisas, que fortuna não seria para os maus, os quais, morrendo, ao mesmo tempo em que se sentiriam livres do corpo, sê-lo-iam também, com a alma, da sua própria maldade! Mas, na realidade, agora que a alma se revelou imortal, não há nenhuma saída para seus males, nenhuma outra salvação, senão a de se tornar a melhor possível e a mais sábia. Portanto, a alma nada mais leva consigo, ao chegar ao Hades, do que a sua formação moral e seu modo de vida, que é justamente, segundo a tradição, o que mais beneficia ou prejudica a quem morre, desde o começo de sua viagem para o além.

PLATÃO. Fédon. Trad. Miguel Ruas. São Paulo: Martins Claret, 2002. p.84-93.

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